É errado advogado não cobrar consulta?
Quando consultamos um médico, psicólogo, nutricionista ou qualquer outro profissional liberal, sabemos que teremos que pagar a consulta previamente e que, posteriormente, o tratamento terá novo custo. Já, com a advocacia, as pessoas parecem até ofenderem-se quando o advogado informa que cobra pela consulta.
Precisamos deixar claro para os clientes que advogado também precisa comer, vestir-se, pagar a prestação do carro, do aluguel e todos os custos operacionais do escritório! Afinal, somos seres humanos!
[Leia também: Modelo de intimação de testemunha pelo advogado (NCPC)]
A OAB/SP estabelece o valor de R$ 290,61 (valor para 2016) para uma consulta em horário comercial, com o acréscimo de 20 a 30 % se a consulta for fora deste horário. É muito? É pouco? Vamos discutir isso nos comentários?
Em alguns casos, realmente é complicado cobrar a consulta. Por exemplo, eu trabalho muito com Direito Previdenciário e, na maior parte dos casos, os clientes são pessoas que não possuem qualquer renda e dependem dos meus serviços para poder obter um benefício que as permitirão viver com mais dignidade.
Possíveis soluções
Eu gosto muito de duas soluções:
- Cobrar pela consulta e se, em função da consulta, sobrevier a prestação de serviços, o valor da consulta poderá ser abatido dos honorários a serem contratados. Isso evita prejuízo ao advogado pois, muitas vezes, uma consulta jurídica já é suficiente para a pessoa resolver extrajudicialmente o seu problema e nunca mais aparecer no escritório. E o advogado que dedicou seu tempo e conhecimento àquele caso, fica a ver navios.
- Não cobrar pela consulta em casos excepcionais e cobrar uma porcentagem maior em caso de sucesso na demanda.
E vocês, colegas, o que pensam? Como resolvem este impasse? Compartilhe comigo nos comentários!
FONTE: Tabela de honorários OAB/SP.

Alessandra Strazzi
Advogada | OAB/SP 321.795
Advogada por profissão, Previdenciarista por vocação e Blogueira por paixão! Autora dos blogs “Adblogando“ e "Desmistificando". Formada pela Universidade Estadual Paulista / UNESP.
José Simão Neto, sou economista e profissional liberal, li as diversas situações, vivo a mesma situação dos advogados, quando falo em cobrar consulta o cliente vai embora, e quando não cobre ficou uma duas horas explicando como se consegue um financiamento no BNDES/BANCO DO BRASIL e demais instituições financeiras.
Mesmo sabendo que posso perder o cliente na primeira visita, sempre arrisco, uma vez dá certo outras não.´
É deveras complicado, porque eles (os futuros) clientes, acham que não devem pagar consulta porque pensam que profissionais são ricos. Quando se trata de médicos eles já sabem que tem que pagar consultas.
É uma profissão que dedicou obrigatoriamente muito tempo de esforço para se formar, ao contrário de sapateiro, cabeleireiros, manicures, pedreiros, carpinteiros, faxineiro, babás etc, que não cobram pela consulta, mas que deveriam….
Claro que não. Todo profissional precisa receber pelos seus serviços. Achei válida a forma adotada pelo Dr. Luiz Ricardo.
Parabéns pelo Blog Dra. Alessandra. Excelente idéia!!!
Obrigada!
Devemos sim cobrar pela consulta. Contudo, caso a pessoa feche o contrato pôde-se ou não diminuir dos honorários convencionados. Enfim, acredito ser algo muito pessoal. Como também atuo na área previdenciária, busco satisfazer o interesse do cliente e, após, cobrar. Mas tudo sempre concordado.
Qual o valor da consulta para o ano de 2016?
Ivone, de acordo com o site da OAB/SP é R$ 290,61. Veja: http://www.oabsp.org.br/servicos/tabelas/tabela-de-honorarios
Entendo que cada caso é um caso.
Depende da cara do freguês.
Eu acho que quando um colega não cobra, consequentemente leva o outro a sofrer por isso, sem dizer que faz da advocacia uma forma de capitalização ilegal de clientela por meio do que entendo ser uma forma de comercializar nossa profissão. Como assim? Ora, se eu cobro e o meu colega do escritório ao lado não, ele estará fazendo com que haja certa concorrência na qual eu sairei perdendo e ele de alguma forma lucrando.
Se existe na tabela, logo, acredito ser ético e conveniente que se cobre. Do contrário, a Defensoria Pública está aí pra isso, pra prestar serviço a quem não pode pagar.
Advogados! Cobrar ou não cobrar as consultas? Eis a questão!
Com todo o respeito Sr. Paulo Espindola, e se todos os doentes procurassem o INSS…os médicos passariam fome? Se utilizarmos seu raciocínio para os médicos particulares também, devemos concluir que eles são “monopolizadores” na sua área de atuação?
Caros colegas de profissão! Cobrar por consulta não é errado e está longe de ser injusto! Advogados são profissionais liberais e, como tantos outros, são livres para negociar o contrato!
O que impede de se fazer um contrato com cláusula que especifique um valor diferenciado para os casos de acordos realizados antes da sentença? Nos meus contratos eu coloco essa previsão!
Da mesma forma, nada impede que o contratante e o advogado acordem em “descontar” o valor da consulta ao final da ação! Aliás, quem disse que a porcentagem é de 30%? Eu já fiz contratos com apenas 5% ao final, assim como tenho contratos com 20%. Na verdade os advogados podem trabalhar sem cobrar se assim desejarem… Outro dia eu levei meu carro para meu mecânico particular que, como sabem, é profissional liberal como os advogados. Deixei meu carro pela manhã e, ao final do dia, fui buscá-lo. Quando perguntei quanto foi o serviço e as peças, ou seja, o total da “conta” ele me respondeu: “Nada não! Eram somente dois parafusos soltos e um ajuste. Não tem o que cobrar.”
Já fiz consultas sem cobrar; já cobrei caro; já cobrei barato; já trabalhei por honorários contratuais e sucumbências; já trabalhei somente por um ou pelo outro.
É verdade que as possibilidades são infinitas, afinal de contas, contratar qualquer profissional liberal é uma questão de “negócio jurídico” no seu sentido mais amplo! Tudo depende de QUEM está contratando; QUEM está sendo contratado e para fazer O QUÊ!
Não existem exceções seja qual for a profissão! Há bons médicos… bons engenheiros… arquitetos… mecânicos, dentistas, pintores, pedreiros, motoristas, etc. Mas existem os maus profissionais também. Já vi contratos de prestação de serviços advocatícios que são verdadeiros exemplos de exploração e ganância! Eu, felizmente, respondo somente pelos MEUS contratos!!! E sigo trabalhando…
Na faculdade não nos ensinam COMO cobrar! Acredito que em nenhuma faculdade existe essa “cadeira”… Sempre costumo dizer o seguinte: Não existe curso teórico para aprender a andar de bicicleta! Tente imaginar um curso teórico de como se equilibrar e pedalar bicicletas! Não existe! Você simplesmente senta na bicicleta, pedala e anda… ou cai! Simples! Negociar e cobrar são uma arte que o tempo nos ensina. Eu ainda estou aprendendo, pois perdido é o dia que nada aprendemos!
Abraços para todos!
Dr. Paulo A Santiago
Cobrar consulta é uma necessidade de valorização do trabalho do advogado. A falta da cobrança leva ao consulente a impressão de que o advogado está lá nada mais fazendo do que a sua obrigação, quando sabemos que esta idéia é errada. Muitas vezes o advogado recem formado e sem experiencia deixa de cobrar consulta por ficar sem jeito de cobra-la. Logo após não tem dinheiro para pagar o almoço nem que seja em um kilo baratinho. É necessário um treabalho da OAB no sentido de deixar claro, não só para o advogado, mas para a população que, como já se afirmou neste blog, que advogado necessita da produção de seus próprios alimentos. Cobrar consulta para depois abater do valor a ser cobrado, ou mesmo qualquer outra forma de compensação, ou não, do valor da consulta é extremamente, não obrigatório, mas, entendo, COMPULSÓRIO para a valorização da profissão.
A cobrança ou não da consulta deve ficar a exclusivo critério de cada profissional. É importante observar que a consulta é o primeiro contato com o cliente e é neste momento que o advogado vai tentar cativá-lo. É claro que em muitos casos fica só na consulta e o advogado perde seu tempo, porém, certamente o profissional deixará de perder uma grande oportunidade de trabalho, portanto, a não cobrança da consulta acaba sendo encarada como um investimento. Por causa de uma simples cobrança de consulta corre-se o risco de perder grandes oportunidades. Não são raros os casos em que a pessoa é simples, sem condições de pagar pela consulta, mas que tem nas mãos um processo extremamente rentável e o advogado só vai ter noção disso depois da consulta.
Prezados, sou leigo e de poucas letras, ref. cobrança de consulta:
já pensaram se todos procurassem a defensoria publica, os adv. em sua maioria passariam fome, errado é cobrar 30% de uma ação sabendo-se que em algumas ficam no acordo, e ainda mais quando no termino desta ação levam de brinde honorários advocatícios (+- isso),isso é monopólio… grato.
Você não é obrigado e contratar advogado. Vai pra Defensoria Pública então Paulo Espindola. O problema e que você não que um advogado, você quer é um advotário.
Concordo, com as devidas vênias dos que pensam em contrário, com a cobrança de consultas, pois como dito no artigo, somos profissionais liberais tanto quanto os médicos, dentistas, psicólogos.
Aplaudo, igualmente, a política de dedução deste custos, caso os serviços sejam contratados ao final, ou cobrança a posteriori com atualização monetária.
Apesar de existir na tabela de honorarios a cobrança de consulta, tal pratica não é adotada pelos colegas, é preciso e necessário a cobrança de consulta.
Eu, particularmente, não concordo em não cobrar consulta, pois despendo meu tempo e conhecimento e muitas vezes as informações já são suficientes e o cliente não volta, portanto, cobro consulta e dependendo da situação desconto do valor a ser cobrado de honorários caso efetue a contratação dos meus serviços.
Att.
Dra. Debora Damico
Informação superinteressante, tabela da OAB. Já precisei de uma consulta e o valor foi cinco vezes a maior, porque éramos amigos, porém jamais utilizei qualquer forma de consulta sem antes perguntar o valor de honorários, isto é de praxe, pois também sou profissional liberal e bem sei a situação. Grata pela informação.
Atuo na área trabalhista, cobro consulta ($100,00)e quando noto que o cliente está sem condições, acrescento no contrato que a consulta será cobrada ao final (com correção monetária e sem juros), juntamente com os honorários…